Valter (41) e Paula (35), da PRETATERRA, têm levado mundo afora o entendimento do pensamento regenerativo na construção de uma cultura mais sustentável e conectada ao meio ambiente.

 

Off grid: regenerar

A palavra “regeneração” está na moda (moda regenerativa), e em voga nos mais diversos contextos, quando se pensa em soluções fora da grade (off grid) ou, pelo menos, fora da “lógica” de mercado e consumo sobre o uso dos recursos naturais e os modos de produção.

Por isso, provavelmente, você também já ouviu alguma coisa sobre a ideia de regeneração. Mas será que realmente temos conseguido acessar o sentido que a palavra “regenerar” carrega e, então, o que tem a ver com tanta coisa distinta, como agricultura e moda?

Através da agrofloresta, a PRETATERRA tem se preocupado com esses questionamentos e tem dado uma resposta prática. Ao mostrar resultados, de como soluções regenerativas têm a ver com tudo e com o todo, gerando um impacto bastante positivo na nossa reconexão com a natureza e com o planeta.

Nesse sentido, regenerar tem a ver com recuperar recursos naturais explorados por atividades humanas e reintegrar uma produção mais alinhada com os ciclos naturais do ambiente. Ou seja, é uma volta ao modo de manejo desses recursos com práticas ancestrais, mas agora a partir de um olhar holístico atual.

Com esse entendimento, falar de ações regenerativas é ir muito além da agricultura. Envolve de forma direta, a moda, por exemplo. Pois se trata de considerar a partir de qual relação ecológica se produz algo.

Especialmente, é levado em conta o modo como uma roupa ou um determinado produto é produzido, considerando aspectos ambientais, sociais e econômicos. Aliás, já falamos por aqui desse trio, que bem integrado forma o tripé de uma moda sustentável.

Assim, entendendo o ato de regenerar como um efeito natural do relacionamento que deveríamos ter ou voltar a ter com a natureza, a PRETATERRA tem se proposto a compartilhar esse entendimento com o maior número possível de pessoas. Nesse ponto, nós (Galapagos e PRETATERRA) nos encontramos com um propósito em comum.

 

Uma jornada viva

Para entender melhor, cabe ressaltar que, apesar de ser algo tão emergente no mundo atual, a ideia de um ambiente de relações regenerativas é ancestral. Um conhecimento antigo e que precisa ser relembrado, segundo Valter e Paula.

“Na verdade, os ribeirinhos da Amazônia fazem agrofloresta e todo mundo na Amazônia faz desde sempre. Mas o problema é que, nas décadas recentes, a agricultura meio que desandou e a gente acabou desandando para uma agricultura extensiva, um agricultor de monocultura em larga escala mecanizada, muito densa, repleta de insumos químicos e etc.”

Retomar esses conhecimentos, traduzi-los em nosso contexto atual, e ainda somá-los a tecnologias sociais e inovativas, têm sido uma caminhada corajosamente trilhada como uma jornada viva, segundo os próprios trilheiros:

 

“Uma jornada viva para o mundo agroflorestal, onde o conhecimento ancestral se entrelaça às práticas mais inovadoras na transição agroflorestal em um robusto ecossistema de compartilhamento de conhecimento agroflorestal regenerativo.”

É assim que o casal fundador da PRETATERRA tem acreditado e gerido o projeto do maior hub de inteligência agroflorestal. Valter e a Paula não uniram apenas os sonhos, mas a vida por um mundo agroflorestal e regenerativo.

 

Agrofloresta como ponto de encontro e reconexão

Mas, afinal, como tem sido essa experiência para um casal tão jovem à
frente de um projeto tão grande e inovador. Ou melhor, a pergunta mais inteligente talvez seria: como tudo isso começou?

Valter e Paula nos contam fragmentos diferentes de uma mesma história cheia de conexão.

Havia muito conflito entre a presença humana e áreas remanescentes florestais que, de alguma maneira, eram impactadas negativamente. Então, quando eu ouvi falar de agrofloresta, fez muito sentido. Porque para mim, a agrofloresta é uma forma de reconciliação. Então, logo foi isso que me encantou. Conta, Paula.

(...) Então, desde o momento em que nos conhecemos na Fazenda Toca, nós descobrimos que tínhamos sonhos parecidos de criar e fazer isso de verdade, de expandir e de levar agrofloresta para todo mundo. Esse foi e é o nosso desafio juntos. Somos engenheiros florestais e fizemos da agrofloresta nossas vidas e profissão. Ressalta, Valter.

Com suas expertises acadêmicas e aliadas às extraordinárias experiências em diversas cidades do Brasil e do mundo (80 países) com povos nativos e agricultores, o casal de engenheiros florestais implantam juntos sistemas agroflorestais que adotam técnicas ancestrais de produção agrícola e traduzem uma grande diversidade de conhecimentos e saberes culturais.

Por isso, essa conexão que uniu o Valter e a Paula à PRETATERRA segue de diversos outros modos, ligando pontos e pessoas a um mesmo propósito no planeta, uma evolução junto à natureza e não à margem dela.

Evoluir nessa jornada nos faz reconhecer que fazer agrofloresta é olhar para trás e revisar possibilidades de fazer agricultura e mais: transformar problemas em soluções através da reconexão com a natureza e seus ciclos naturais.

É pensando nisso, que estamos em constante evolução em nosso modo de produzir. Priorizamos a produção responsável de peças de alta qualidade e durabilidade que respeite todos os envolvidos em sua cadeia e o reaproveitamento daquilo que já foi produzido em novos ciclos de reciclabilidade.

Entender o pensamento regenerativo é, sem dúvida, encontrar uma possibilidade de um futuro mais sustentável em um mundo em transição.

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